Crônica Sobre a Homofobia


No dia 06 de julho de 2010 o jornal Folha de São Paulo divulgou a notícia sobre o envolvimento de skinheads cariocas na tortura e morte do adolescente Alexandre Thomé Ivo Rajão, tudo indica que o grupo tem envolvimento com o caso (assim como a outros casos de agressão a homossexuais da zona sul do Rio), pois “cartilhas” incitando a homofobia foram distribuídas pela periferia do Rio de Janeiro.


Bom, até aí não há nenhuma novidade, visto que este subgrupo genérico e expatriado da Europa sustenta sem nenhum constrangimento sua ideologia tacanha em alto e bom som, no entanto, este ato carrega consigo não apenas uma retórica cega e fanática, mas também uma sentença atestada pela intolerância de nossa sociedade demonstrando o quanto é frágil nossa democracia. Não se trata somente de vítimas ou culpados, se trata das causas que levam a cultivar o ódio, seja ele “simples” e “inocente”, despercebido em forma de piadas feitas entre amigos contra o “outro” ou o “diferente” à até aos modos metodicamente sistemáticos de aniquilação de determinados grupos, como por exemplo, o III Reich Nazista durante a Segunda Guerra Mundial, o Apartheid na África do Sul, o Massacre de Ruanda e na Bósnia, entre outros episódios vergonhosos de nossa história contemporânea.


Na referida matéria os próprios skinheads se defendem alegando que sua intolerância se iguala a de qualquer católico ou evangélico, bem, por esta fala podemos perceber que os séculos das trevas ainda assombram nossas vidas... É a reconfiguração do ódio herdado e refinado aos moldes modernos, se reutilizando de velhos dogmas amalgamados a frustrações, sintomático de um país sem memória histórica e política ainda se arrastando sem identidade rumo à Belle Epóque.

Entretanto, o mais interessante neste artigo publicado pelo jornal foi a análise feita pelo antropólogo Sérgio Carrara sobre a ação cometida pelos skinheads, onde aponta para a falta de estudos como a maior tendência para práticas de atos de intolerância, quer dizer, estamos tratando aqui de burrice pura e simples quando o assunto é racismo, homofobia ou xenofobia. Ou seja, não é necessário teorizar para entender que quem não tem capacidade de entender a questão da outricidade são aqueles que menos lêem, menos estudam e logo, menos pensam, em resumo, são ignorantes do próprio processo social e alienados em potencial, pois apenas: reproduzem-cegamente-e-sem-questionamento-um-discurso-cristalizado-em-verdade-absoluta.


É sempre o velho processo de uniformização caduco-tacanha em ação tentando negar todas e quaisquer possibilidades de autonomia e liberdade a quem tem direito e a aqueles que ousam viver a própria vida. É a nossa herança eurocêntrica (importada como todos nós) que timidamente se disfarça de matéria prima nacional tentando por “ordem na casa” e com um toque de jeitinho brasileiro jogar a sujeira para baixo do tapete e culpando mais uma vez o vizinho.

4 comentários:

  1. Entendo seu ponto de vista, é lamentável que em pleno século XXI ainda existam "pessoas" que se acham no direito de ditar oque é o certo ou errado.Cada um escolhe oque fazer da sua vida, outros não tem o direito de julgar a cor, a orientação sexual, isso ou aquilo.
    Porém existem (principalmente no meio músical) SKINHEADS extremamente descompromissados com ideais de supremacia racial, homofobia e outros ismos da vida...cada um faz oque quiser, com tanto que não mude o rumo da vida alheia!Por tanto cuidado ao generalizar o nome SKINHEAD, pois pra alguns tem um valor muito grande, valor de uma classe que se encontra ao longo dos dias dando duro em fábricas para manter a dignidade de suas famílias, sem se preocupar com besteiras do tipo, nacionalismo, anarquismo, socialismo e outros ismos que na atual sociedade só serve pra encher o ego de pessoas descompromissadas com a CLASSE OPERÁRIA e com a FAMÍLIA!!!
    O verdadeiro valor de um SKINHEAD de verdade está na música ( que acredito eu você sabe que veio em primeiro lugar o ROCKSTEAD, O SKA E O SKINHEAD REGGAE), em seu carater honesto e trabalhador, em seu verdadeiros amigos e sua família.
    Porém não estou aqui pra convencer ninguém, mas sim para alertar que nacionalismo, fascimo, anarquismo, socialismo e comunismo são todos farinha do mesmo saco!!!

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  2. Bom, pois bem... eu entendo sua colocação, "Anônimo", ao defender a postura skinhead da maneira como coloca, afinal de alguns poucos anos para cá tem aumentado o número de skinheads não racistas, não homofóbicos e que se intitulam Sharps ou Rashs no Brasil (em especial em São Paulo, porém como você deve ter notado o texto que escrevi trata-se de um evento promovido por skinheads que defendem processos sistematizados de aniquilação daqueles que interferem na edificação da "sociedade perfeita", não há generalização quanto à skinheads. Ao meu ver skinheads racistas e fascios são menos perigosos do que a estrutura racista e segregadora da sociedade brasileira, eles representam apenas a ponta do iceberg quando observamos a fundo o problema do racismo no Brasil.

    No entanto, eu discordo terminantemente de você na questão de Classe Operária, este modelo não existe mais, o processo neoliberal diluiu muito bem este conceito e acreditar que trabalha hoje pela Família ou pela Classe é como acreditar no Papai Noel, e francamente, ter orgulho por trabalhar em um ambiente alienado e completamente hostil ao ser humano, que o escraviza e o torna dependente dos meios de produção de um sistema burguês é uma verdadeira estupidez, já dizia em Auschwitz: "Arbeit macht frei" ("O trabalho liberta"), portanto cuidado ao generalizar o Trabalho. Se você defende a Classe Operária, como afirma, tem por obrigação saber disso, pois se apoiar em um discurso baseado no senso comum de uma massa de trabalhadores desprovidos, propositalmente, de qualquer senso crítico é tão vago e estúpido quanto esvaziar qualquer argumento através da violência ou algo do tipo.

    Se você pertence a Classe Operária tenha em mente que todos os direitos dos quais você tem hoje, custaram a vida de inúmeros anarquistas e socialistas do século passado que tinham condições de vida e trabalho tão insalubres quanto a sua (sem sequer ter acesso a metade dos privilégios que muitos operários tem hoje),e que estes direitos não caíram do céu e não foram elaborados por simples trabalhadores orgulhosos de sua "classe", mas por trabalhadores que perceberam que o único caminho para combater a exploração patronal era a aquisição do conhecimento banindo qualquer tipo de ignorância, e estas idéias estavam entre os trabalhadores adeptos ao anarquismo e ao socialismo. Por isso lembre-se que ao colocar no mesmo caldeirão idéias tão distintas (como anarquismo e nacionalismo) entre é um sinal de ignorância, preguiça e desprezo, e faz com que o "nome Skinhead" continue sob o signo do nazi-fascismo e pechas do tipo. Já que você parte do princípio básico que o verdadeiro skinhead vem do reggae, trabalhe para que esta imagem inter-racial seja mais forte do que a do skinhead neo-nazi truculento que espanca negro, judeu, nordestino e homossexual, faça com que as pessoas se lembrem disso. Sem mais, obrigado pelo comentário, estamos aí para o diálogo!

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  3. Olá, meus caros! AMEI o texto! Parabéns! ^^
    Odeio qualquer tipo de preconceito, pois ele se baseia em ignorãncia e alienação,e vêm de pessoas que não conseguem aceitar que a sociedade e a vida são feitas de diversidade.
    Niguém é igual, e nem o deveria ser, pois, se o o fosse, nada teria graça, e não teríamos o que aprender com o nosso próximo! Diferenças amadurcem nosa visão de mundo!

    Blog maravilhoso! Já estou seguindo vocês, e já os listei em meus blogs amigos!
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    RIOT kisses,
    Mari.
    (Uma apaixonada pela Contra-Cultura Punk e pelo Movimento Punk!)

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  4. Oi, meu caros!
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    Mil beijos,
    Mari.
    (Sou a dona do "Riot Vicious' Blogspot").

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